terça-feira, 17 de agosto de 2010

E ainda não se falava em Vuvuzelas...

Agora que ando metida "nos futebois" achei por bem recuperar este texto, escrevi-o em Dezembro...quando ainda não se ouvia falar em vuvuzelas...

O negócio do patriotismo

Já falta pouco, muito pouco, estamos quase a entrar em 2010. – Que Portugal ganhe o campeonato do mundo – será um dos desejos mais repetido entre os portugueses. A frase vai ser sussurrada em milhares de casas, entre uma uva passa engolida à pressa e um gole de espumante, seja dos mais baratos na casa do guarda-nocturno e da mulher-a-dias, ou do champanhe francês mais fino, na casa do empresário bem sucedido.

Mas afinal, o que faz esta gente gastar uma das preciosas doze passas, que ditam a sorte para o novo ano, com este desejo? Sim, até a senhora Eduarda da mercearia, que sofre pela custódia da televisão quando os jogos do F.C.P. são transmitidos em canal aberto, se rende aos encantos do futebol quando é a selecção que joga. Ela acha, do alto da sua sabedoria futebolística, que o melhor flanco para marcar golo é no do meio; e não percebe porque é que o Eusébio não é convocado há “uns aninhos”. Mas quando é para torcer pela selecção, abre as goelas e grita com todo o fulgor.

Mas afinal, o que faz esta gente gastar uma das preciosas doze passas, que ditam a sorte para o novo ano, com este desejo? Sim, até a dona Caty, esposa do diplomata, que fica ralada quando o marido deixa o lar ao Domingo à tarde, para passar horas no camarote VIP do estádio de Alvalade, vibra com o hino nacional quando a equipa das quinas entra em campo. Ela pensa que o malvado do jogador que anda vestido diferente dos outros e até luvas usa, para não gelar as mãos, não tem nada que se meter à frente da baliza. Mas quando é para torcer pela selecção até rói as unhas de gel, tal é o nervoso miudinho.

Tudo isto porque afinal é o nosso país. É o patriotismo, nobre sentimento lusitano, que justifica gastar um dos desejos de ano novo com a nossa selecção. E é a pensar na nobreza deste sentimento que, de forma com pletamente altruísta, grupos de empresários se juntarão, para num acto de caridade, fomentar o patriotismo, comercializando milhares de bandeirinhas, cachecóis, camisolas, apitos, chapéus, bonequinhos e peluches, verdes, vermelhos e amarelos.

O negócio do patriotismo já está ao rubro: é que até a senhora Eduarda costuma comprar uma canetinha da selecção para apontar no livro de calotes as despesas dos clientes mais fiéis; e também a dona Caty já anda a ver os aventais da selecção para vestir a empregada a rigor.

Venham os futebóis, que fora dos relvados as cores da festa já estão a ser pintadas. Venha o negócio do patriotismo, que para o ano, mais empresários brindarão 2011 com champanhe do melhor.

sábado, 3 de julho de 2010

Amizade é partilha.... às vezes também sinto necessidade de receber sem ter de pedir*

sábado, 13 de fevereiro de 2010

(14)*

…Que me desculpe tudo o resto, mas para mim, para sempre e mais do que tudo, importamos nós, o que sentimos, o que somos, o que é nosso, construído neste círculo fechado de 14 capas…o brilho nos olhos por percebermos tudo, de cada um; o peito cheio de ar por concretizarmos algo nosso, partilhado; a vontade de correr mais, de dar o dobro, de dar a mão, de puxar, de voltar a trás só porque alguém está mal e todos sentimos…

Quero que um dia eles sejam assim, só pk nos viram ser…não porque lhes dissemos que assim fomos…

(por agora, quero lutar para que isto se concretize)*

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Para quê crescer?

Falta-me o 43 e o 81, tenho o 108, o 10 e o 62 para trocar. - Cola melhor, olha que assim vais estragar esse cromo – dizias-me tu, sempre preocupado com a integridade dos nossos amigos de papel. Que canseira, conseguir completar a colecção o mais depressa possível!
Saímos daquele portão de ferro, a correr, e atravessámos a estrada de forma inconsequente (os nove anos que tínhamos ainda não faziam pesar na consciência cada passo que dávamos). – Oh Lurdinhas, quero uma saqueta de cromos! – Disparo mal entro na loja, enquanto dou saltinhos apressados para chegar à altura do balcão, e ser vista. Que ansiedade abrir aquela saquinha. Parecia que a minha vida dependia daquilo. Só se lá estivessem o 43 e o 81 eu ia ser a primeira a completar a colecção, e isso era bem importante. Mas não, outra vez repetidos! E, não eram uns cromos quaisquer, eram aqueles três que te faltavam. Não tos dei. Até podia dar, mas não queria que completasses a colecção antes de mim…tinha de ser a primeira!
O dia seguinte começou como todos os outros: levantei-me meia ensonada e vesti a roupa que tinha escolhido na véspera (sim, que com nove anos já sabia bem o que queria vestir), comi o meu pão com tulli-creme e bebi o leite com chocolate, enquanto a mãe acabava de fazer a minha trança no cabelo. Saímos. Mas desta vez não estavas à espera no inicio da minha rua, para vires connosco para a escola. Pensei que tinhas adormecido. Andei no baloiço sem ninguém a empurrar, joguei sozinha às escondidas, corri sozinha por entre as árvores do recreio, e tu não vieste mais… Não tiveste coragem de me dizer que ias mudar de escola, mas eu tive coragem de te negar aqueles três pedaços de papel autocolante. Continuei a fazer colecção de cromos. Nunca mais soube nada de ti.
Gostava de ter outra vez nove anos. Mudava tudo. A verdade é que ainda tenho muitos cromos: colecções de notas na escola; colecções de elogios no trabalho; colecções de roupas caras; colecções de amigos no hi5, no facebook; colecções de virtudes que não tenho e de sonhos que ficaram por cumprir. Mas para quê? Para quê viver para encher a caderneta? Para quê querer mostrar pedaços de papel como troféus? Não quero ser só mais uma caderneta feita para mostrar.
Hoje já não é tempo para mudar tudo. Atravesso a rua só quando o semáforo está verde e mesmo assim, olho para os dois lados (mesmo que a rua seja de um só sentido), entro devagar na loja, e curvo-me um pouco para falar com a Dona Lurdes. Não sei bem o que quero, tenho de pensar melhor, que nada é feito em vão. Hoje, os vinte anos que tenho, fazem pesar na consciência cada passo que dou. É tempo para ser responsável. Já se foi a espontaneidade. Já tenho muitas cadernetas cheias. Não posso simplesmente correr por entre as árvores do recreio. Não posso simplesmente deitar fora os livrinhos cheios de autocolantes.
Se tivesse nove anos era tão mais fácil. Que canseira, conseguir esvaziar as colecções que completei, o mais depressa possível!

domingo, 24 de janeiro de 2010

?

Como se volta ao mundo real, depois de três anos de sonho? como se deixa de sonhar?
Como se aguenta o vazio, das paredes recheadas de recordações da vossa presença, dos risos, das lágrimas, das cores, do negro e do azul...?
Como se preenche o vazio no peito?
Como se aguenta o murmurar da cidade ao ouvido, fazendo lembrar os momentos, os dias, e mais dias, as noites...?
Como faço parar o tempo? pk não vos posso prender? porque temos de ir, seguir, partir...? por que é k o k parecia eterno afinal tem fim? tão próximo...tão duro...

Onde vou buscar a força para garantir que continuará a fazer sentido?

Não tenho coragem para por a hipótese de um dia deixar de fazer...mas onde encontro as respostas? *

domingo, 18 de outubro de 2009

Caminho

1º - Soube que pertencia aqui...
Amar o Azul...
Gritar com força, que os sonhos eram tantos!

2º - Soube que vos pertencia...
Amar o negro...Amar o Porto
Gritar com o coração, gritar com as lágrimas, que há sonhos que não se perdem...

3º - Sei que eles nos pertencem...
Procuro o caminho...
Continuo a gritar para que os sonhos não se percam...

(e só mais tarde... e só no fim fará tanto sentido como o 1º e o 2º! Continuo à procura...)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Um olhar fascinado, como me lembro...

Reportagem - Maio de 2008

XXI FITA – Ambiente de festa e saudade: ambiente de Tuna

Oito da noite: Bolhão, Rua Santa Catarina, Rua Passos Manuel, Coliseu – percurso cheio de negro, apenas interrompido pelas cores das cartolas e bengalas que os finalistas orgulhosamente envergam. Ao chegar ao Coliseu o ambiente é de festa e de saudade, o ambiente é de Tuna. Aos estudantes juntam-se os seus familiares e amigos, e aqueles que simplesmente apreciam este tipo de espectáculo, todos esperando o início de mais um Festival Ibérico de Tunas Académicas, que se realiza desde há 21 anos, na semana da Queima das Fitas do Porto.

O espectáculo abre com a única presença feminina no festival: a Tuna Feminina do Orfeão Universitário do Porto, doces vozes que deliciam os presentes.

Num tema interpretado em grande parte por Marta Dinis a magister da Tuna, as vozes doces transformam-se em vozes quentes, ao som de ritmos latinos que surpreendem os espectadores menos conhecedores do reportório da TFOUP.

Mas a verdade é que o espectáculo vai muito além do palco, o espectáculo estende-se à plateia… “Engenharia…FEUP” é o primeiro cântico a ouvir-se mal termina a actuação, nas vozes fortes e masculinas que enchem a parte superior do Coliseu e ecoam por todo o edifício. E logo surge a resposta “Medicina…S. João”, acompanhada pelo abanar das bengalas amarelas. Numa competição de orgulho na sua “casa”, ouve-se ainda gritar “ISEP”, “ISCAP”, “Economia”.

Tiago Gomes, não é estudante mas está fascinado com o clima “Dá vontade ir para a faculdade, para sentir o que os estudantes sentem, para poder perceber tudo isto. É impressionante o fervor com que gritam pela sua faculdade.”

O pano volta a subir, ouvem-se de novo as vozes fortes, desta vez mais afinadas, numa melodia arrepiante, acompanhada por bandeiras e estandartes esvoaçantes, que deixam todos gélidos de perplexidade. Seguem-se outros temas, mais animados, mais calmos, mas todos com um fulgor condizente com o elevado número de elementos da Tuna de Engenharia da Universidade do Porto.

As bancadas continuam animadas. Ouve-se timidamente (de acordo com o numero reduzido) “ Letras”, cântico protagonizado pelos alunos de Ciências da Comunicação, que enchem duas filas da plateia do lado esquerdo do palco, na sua maioria alunos do primeiro ano, maravilhados com todo o espectáculo (dentro e fora de palco).

Surgem por detrás da cortina, pandeiretas endiabradas, chega a Tuna da Faculdade de Economia, e enche de novo o palco. Enche também todo o Coliseu de um novo ânimo. Entre os alunos do primeiro ano de Ciências da Comunicação vêem-se sorrisos inexplicáveis de alegria, bocas abertas de atenção e perplexidade a cada acrobacia mirabolante dos pandeiretas e porte estandartes. “Sinto orgulho por estar aqui a ver, a viver tudo isto.”, diz João Nápoles, já terminada a actuação.

Depois entra em palco uma das tunas com mais apoio na plateia: a Tuna de Medicina. Entre os finalistas de todas as faculdades, aos quais são dedicadas as actuações de todas as Tunas presentes, a festa faz-se dançando por entre as bancadas numa saudável mistura de cores e casas, acompanhando as músicas com o bater das bengalas no chão e com o seu abanar ao ritmo das melodias mais calmas.

Mais uma actuação começa entretanto. Começam a ouvir-se acordes solitários. Aos poucos as vozes afinadas começam a fazer-lhes companhia, numa junção harmoniosa. O Coliseu pára para ouvir a Tuna da Universidade Católica.

“ Não estava à espera de uma actuação tão boa desta Tuna, está a ser uma surpresa, está a ser muito bom mesmo.”, afirma Marta Afonso enquanto olha atenta tudo o que se passa no palco.

Depois da Universidade Católica é a vez de engenharia voltar a brilhar, desta vez , o Instituto Superior de Engenharia do Porto. A cortina abre, a música começa, abanam-se pandeiretas, esvoaçam as bandeiras. Na plateia acompanham-se as músicas, batem-se palmas, abanam-se as fitas, bate-se com as bengalas nas cartolas, ou simplesmente se observa…

“Não consigo tirar o sorriso dos lábios, estou sem reacção, tudo o que envolve este espectáculo é simplesmente fantástico!”, vai comentando Ana Ribeiro entre um olhar para o palco e outro em volta.

Terminada a actuação da última Tuna a concurso o silêncio invade o recinto. Desta vez não se ouvem os cânticos fervorosos na parte superior do Coliseu. De repente começa a avançar por entre a plateia um grupo de estudante quase em marcha. O grupo começa a aumentar. A parte superior do Coliseu está vazia. “É a FEUP”, começa a murmurar-se, e ainda antes de se soltar um próximo murmúrio o silêncio é quebrado pelo Hino da Faculdade de Engenharia. Os apresentadores já se encontram em palco, mas os “engenheiros” só se retiram uns minutos depois.

Retoma-se o espectáculo com a última actuação da noite. A Tuna Universitária do Porto fecha com chave de ouro esta edição do FITA. “Quero ficar sempre estudante para eternizar a ilusão de um instante” todo o público acompanha a letra, todo o público sente a letra.

Marta Afonso, aluno do 1º ano, confessa que ao ouvir esta música trajada se sentiu verdadeiramente estudante “Já tinha ouvido algumas tunas mas o estranho é estar a assistir trajada... sempre que via tunas adorava mas apercebi-me agora que as via sempre com um certo distanciamento. Aqui no FITA sinto-me parte do espectáculo. As pessoas que estão ali a actuar são estudantes como, agora, eu sou.”.

Duas da manhã: Coliseu, Rua Passos Manuel, Rua Santa Catarina, Bolhão, – percurso cheio de negro. As capas protegem os estudantes da brisa da noite, aconchegam-nos de alegria, aconchegam-nos de saudade.

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