O negócio do patriotismo
Já falta pouco, muito pouco, estamos quase a entrar em 2010. – Que Portugal ganhe o campeonato do mundo – será um dos desejos mais repetido entre os portugueses. A frase vai ser sussurrada em milhares de casas, entre uma uva passa engolida à pressa e um gole de espumante, seja dos mais baratos na casa do guarda-nocturno e da mulher-a-dias, ou do champanhe francês mais fino, na casa do empresário bem sucedido.
Mas afinal, o que faz esta gente gastar uma das preciosas doze passas, que ditam a sorte para o novo ano, com este desejo? Sim, até a senhora Eduarda da mercearia, que sofre pela custódia da televisão quando os jogos do F.C.P. são transmitidos em canal aberto, se rende aos encantos do futebol quando é a selecção que joga. Ela acha, do alto da sua sabedoria futebolística, que o melhor flanco para marcar golo é no do meio; e não percebe porque é que o Eusébio não é convocado há “uns aninhos”. Mas quando é para torcer pela selecção, abre as goelas e grita com todo o fulgor.
Mas afinal, o que faz esta gente gastar uma das preciosas doze passas, que ditam a sorte para o novo ano, com este desejo? Sim, até a dona Caty, esposa do diplomata, que fica ralada quando o marido deixa o lar ao Domingo à tarde, para passar horas no camarote VIP do estádio de Alvalade, vibra com o hino nacional quando a equipa das quinas entra em campo. Ela pensa que o malvado do jogador que anda vestido diferente dos outros e até luvas usa, para não gelar as mãos, não tem nada que se meter à frente da baliza. Mas quando é para torcer pela selecção até rói as unhas de gel, tal é o nervoso miudinho.
Tudo isto porque afinal é o nosso país. É o patriotismo, nobre sentimento lusitano, que justifica gastar um dos desejos de ano novo com a nossa selecção. E é a pensar na nobreza deste sentimento que, de forma com pletamente altruísta, grupos de empresários se juntarão, para num acto de caridade, fomentar o patriotismo, comercializando milhares de bandeirinhas, cachecóis, camisolas, apitos, chapéus, bonequinhos e peluches, verdes, vermelhos e amarelos.
O negócio do patriotismo já está ao rubro: é que até a senhora Eduarda costuma comprar uma canetinha da selecção para apontar no livro de calotes as despesas dos clientes mais fiéis; e também a dona Caty já anda a ver os aventais da selecção para vestir a empregada a rigor.
Venham os futebóis, que fora dos relvados as cores da festa já estão a ser pintadas. Venha o negócio do patriotismo, que para o ano, mais empresários brindarão 2011 com champanhe do melhor.
Já falta pouco, muito pouco, estamos quase a entrar em 2010. – Que Portugal ganhe o campeonato do mundo – será um dos desejos mais repetido entre os portugueses. A frase vai ser sussurrada em milhares de casas, entre uma uva passa engolida à pressa e um gole de espumante, seja dos mais baratos na casa do guarda-nocturno e da mulher-a-dias, ou do champanhe francês mais fino, na casa do empresário bem sucedido.
Mas afinal, o que faz esta gente gastar uma das preciosas doze passas, que ditam a sorte para o novo ano, com este desejo? Sim, até a senhora Eduarda da mercearia, que sofre pela custódia da televisão quando os jogos do F.C.P. são transmitidos em canal aberto, se rende aos encantos do futebol quando é a selecção que joga. Ela acha, do alto da sua sabedoria futebolística, que o melhor flanco para marcar golo é no do meio; e não percebe porque é que o Eusébio não é convocado há “uns aninhos”. Mas quando é para torcer pela selecção, abre as goelas e grita com todo o fulgor.
Mas afinal, o que faz esta gente gastar uma das preciosas doze passas, que ditam a sorte para o novo ano, com este desejo? Sim, até a dona Caty, esposa do diplomata, que fica ralada quando o marido deixa o lar ao Domingo à tarde, para passar horas no camarote VIP do estádio de Alvalade, vibra com o hino nacional quando a equipa das quinas entra em campo. Ela pensa que o malvado do jogador que anda vestido diferente dos outros e até luvas usa, para não gelar as mãos, não tem nada que se meter à frente da baliza. Mas quando é para torcer pela selecção até rói as unhas de gel, tal é o nervoso miudinho.
Tudo isto porque afinal é o nosso país. É o patriotismo, nobre sentimento lusitano, que justifica gastar um dos desejos de ano novo com a nossa selecção. E é a pensar na nobreza deste sentimento que, de forma com pletamente altruísta, grupos de empresários se juntarão, para num acto de caridade, fomentar o patriotismo, comercializando milhares de bandeirinhas, cachecóis, camisolas, apitos, chapéus, bonequinhos e peluches, verdes, vermelhos e amarelos.
O negócio do patriotismo já está ao rubro: é que até a senhora Eduarda costuma comprar uma canetinha da selecção para apontar no livro de calotes as despesas dos clientes mais fiéis; e também a dona Caty já anda a ver os aventais da selecção para vestir a empregada a rigor.
Venham os futebóis, que fora dos relvados as cores da festa já estão a ser pintadas. Venha o negócio do patriotismo, que para o ano, mais empresários brindarão 2011 com champanhe do melhor.
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